sábado, 4 de junho de 2011

Fichamento nº: 05

5º Fichamento de Genética
Influência de fatores genéticos na etiopatogênese da doença periodontal
Yeon Jung KIMa, Aline Cavalcanti VIANAa, Raquel Mantuaneli SCAREL-CAMINAGAba
Pós-Graduanda em Periodontia, Nível Mestrado, Faculdade de Odontologia, UNESP, 14801-903 Araraquara - SP, Brasil
Departamento de Morfologia, Faculdade de Odontologia, UNESP, 14801-903 Araraquara - SP, Brasil.
“A doença periodontal (DP) acomete indivíduos em todo o mundo. Estima-se que a forma severa da doença atinja cerca de 10% dos adultos. No Brasil, em 1986, um levantamento epidemiológico feito pelo Ministério da Saúde em capitais de 16 Estados revelou que 7,4% dos indivíduos com 50 a 59 anos tinham um ou mais sítios com profundidade à sondagem ≥5,5 mm. Uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul revelou que aproximadamente 65% da população estudada apresentavam dentes com profundidade à sondagem ≥5,5 mm2.Nos últimos anos tem sido investigada a influência da saúde bucal no estado de saúde geral do indivíduo. Um crescente corpo de evidências científicas sugere associação entre infecção oral e doenças sistêmicas como aterosclero-176 Kim et al. Revista de Odontologia da UNESP se, distúrbios cardiovasculares, artrite, diabetes e doenças pulmonares.” (Pág.176)
 “Nesse contexto, a DP tem se mostrado um .problema de saúde pública de grande seriedade.Está bem estabelecida que a DP crônica é uma doença infecciosa caracterizada por um processo inflamatório destrutivo que afeta os tecidos de suporte do dente. Clinicamente, podem ser formadas bolsas periodontais, reabsorção do osso alveolar e eventual perda do elemento dental.Histologicamente é caracterizada por acúmulo de células inflamatórias na porção extravascular do tecido conjuntivo gengival.” (Pág.176)
“Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Bireme e Pubmed, utilizando os termos “Periodontite, Genética e Polimorfismos”. Foram encontradas 300 referências na Bireme (89% no MEDLINE) e 1.281 referências no PubMed (incluindo genética de periodontopatógenos), dos quais 126 referências focadas em polimorfismos genéticos humanos, 14 revisões de literatura e 13 trabalhos que discutem testes genéticos para identificar suscetibilidade à periodontite. Entre estes, foram selecionados artigos considerados como os que melhor apresentavam resultados positivos ou negativos da influência genética na DP, além de algumas revisões de literatura publicadas por grupos de pesquisa renomados internacionalmente.” (Pág. 176)
“Uma boa maneira de avaliar os aspectos genéticos da DP é por meio de estudos realizados com gêmeos. Geralmente é feita uma comparação entre gêmeos monozigóticos (MZ) e dizigóticos (DZ), pela qual é avaliado o grau de concordância ou discordância de uma ou mais características.Ao analisar fatores genéticos, espera-se que as taxas de concordância entre gêmeos MZ sejam maiores do que em gêmeos DZ. No entanto, quando são avaliados fatores ambientais, são esperadas taxas semelhantes de concordância entre os dois grupos de gêmeos.Em um estudo realizado com 110 gêmeos adultos, foi avaliada a condição periodontal pela profundidade de sondagem e pelos nível de inserção, índice gengival e índice de placa. A população estudada consistiu de 63 pares de gêmeos MZ (criados juntos), 33 pares de gêmeos DZ (mesmo sexo e criados juntos) e 14 pares de gêmeos MZ (criados separadamente). Foi observado que a correlação da DP entre os gêmeos MZ criados juntos foi significativamente maior do que a encontrada nos gêmeos DZ. Enfocando a influência e fatores ambientais como o hábito de fumar e o uso de serviço odontológico, outros 117 pares de gêmeos foram estudados (64 MZ e 53 DZ). Estimou-se que a periodontite crônica possui aproximadamente 50% de hereditariedade, mesmo após ajustes para as variáveis comportamentais.” 
“A agregação familiar da periodontite agressiva (PA) motivou a investigação de um possível envolvimento da genética nessa patologia. A presença de PA entre irmãos da mesma família tem sido relatada por diversos estudos. Pesquisadores avaliaram 631 indivíduos pertencentes a diferentes ,famílias, dos quais 106 apresentaram periodontite juvenil localizada, 130 periodontite juvenil generalizada, 254 não eram afetados e 141 indivíduos tinham situação periodontal desconhecida. Foi concluído que o modo mais provável de herança seria o autossômico dominante, tanto em famílias de caucasianos como de afro-americanos.A periodontite crônica também se concentra em famílias, como é sugerido em um estudo que analisou 24 famílias holandesas, nas quais, em cada uma, havia, pelo menos, uma pessoa afetada pela periodontite crônica: além do cônjuge, 1 a 3 filhos. Foi demonstrado que as crianças com menos de 5 anos de idade não foram afetadas pela periodontite. No grupo de 5 a 15 anos, 21% tinham pelo menos uma bolsa ≥5 mm associada à perda de inserção e, no grupo de 10 a 15 anos, esse valor correspondia a 45%20.Embora os resultados obtidos de estudos com famílias sugiram uma forte predisposição genética, os estudos com gêmeos mostram-se mais confiáveis na comprovação da influência da genética na etiopatogênese da DP, pois gêmeos MZ praticamente não apresentavam variabilidade genética entre si. Comparativamente, indivíduos da mesma família têm maior variação genética entre si (considerando genes polimórficos); portanto, o fator genético como variável do estudo não se apresenta tão bem normalizado quanto nos estudos com gêmeos.” (Pág.177)
“Conclui-se, baseado nos estudos com gêmeos e com famílias, que há evidência científica da influência genética na etiopatogênese da DP. No entanto, os mecanismos pelos quais os fatores genéticos podem atuar no início e/ou progressão da DP não foram ainda completamente compreendidos. Acredita-se que, futuramente, conforme progrida o conhecimento de polimorfismos genéticos e suas freqüências em vastas populações de diferentes etnias, as pesquisas que venham a investigar relação entre polimorfismos e doenças terão um grande salto na qualidade e na aplicação dos seus resultados. A identificação de populações mais suscetíveis a determinados tipos de doenças, dado a sua carga genética, poderia nortear políticas de saúde pública, principalmente no que se refere à prevenção. Tomando como exemplo a DP, é importante identificar o maior número possível de polimorfismos genéticos e suas freqüências nas populações em todo o mundo para que se possa atribuir a um determinado polimorfismo, com segurança, uma porcentagem de suscetibilidade ou severidade à doença. Somente no futuro, e baseado no conhecimento das freqüências dos alelos nas populações, é que um determinado polimorfismo poderia ser utilizado como marcador genético da DP. Assim, poderia ser confeccionado um “kit”, talvez adaptado para a população em questão, para detectar indivíduos com genótipo de alto risco para a doença, auxiliando também no prognóstico da DP.” (Pág. 178)

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